Poliana

Poliana
Edições:Kindle

Sem dúvida, a literatura está recheada de coisas bíblicas. É comum ver a tríade “criação, queda e redenção”, o famoso final feliz após uma fase ruim. E em Poliana não é diferente. Entretanto, no momento que seria a “queda”, o mal, este livro traz a teologia do contentamento de forma bem explícita, pois, inegavelmente há o mal, mas sempre há o bem.

Um pouco da história da autora de livro Poliana, Eleonor Hodgman Porter.

Eleanor Hodgman Porter nasceu no dia 19 de dezembro de 1868, em uma tradicional família da Nova Inglaterra (New Hampshire, nos Estados Unidos).

Ela foi educada em escolas locais, em seguida por um professor particular. Estudou por vários anos no New England Conservatory of Music, onde teve a oportunidade de aprimorar seu talento como cantora. Apresentou-se em vários concertos, fez parte de corais de igrejas e também ensinou música.

Em 3 de maio de 1892, com 24 anos, casou-se com John Lyman Porter e o casal mudou-se para Cambridge,  Massachusetts.

Em 1900 deu início a sua carreira literária, com a publicação de um conto. Em 1901 assumiu a carreira de escritora, pois passou a escrever em tempo integral. (várias de suas histórias foram publicadas em revistas e jornais populares e, seu primeiro livro, “Correntes cruzadas”, em 1907). Todavia, foi “Poliana” que fez de Eleanor H. Poter uma autora clássica, autora de uma literatura sentimental – amorosa e jovial, com grande repercussão popular (seguido por “Pollyanna Moça” – 1915).  Ela morreu no dia 21 de maio de 1920, em Cambridge, em Massachusetts.

O livro

Poliana, originalmente Pollyana, foi publicado em 1913 nos Estados Unidos e traduzido no Brasil em 1934, por Monteiro Lobato (Cia Editora Nacional, “Biblioteca das Moças”).

Foi adaptado para a Broadway em 1916 e para o cinema em 1920. A versão dos Estúdios Disney, lançada em 1960, continua popular. Além disso,  várias continuações de Pollyanna foram escritas por outros autores após a morte da autora.

Poliana Poliana

Poliana é uma menina de 11 anos que, após a morte de sua mãe e irmãos, vivia com seu pai, que era pastor. A Sociedade Auxiliadora Feminina (SAF) o ajudava com Poliana (Quem é presbiteriano sabe o que é a SAF, mas não sei se a configuração atual é semelhante à descrita no livro – ou a da época). Por causa das dificuldades que passaram (teve um fato bem específico que você saberá ao ler o livro), seu pai criou o “jogo do contente”. Após a morte do Pai, as mulheres da SAF cuidaram de Poliana, mas depois entraram em contato com a tia para que ela passasse a cuidar da menina.

E, assim, a pequena órfã vai morar com sua tia e ensinar a todos o jogo do contente.

Vários assuntos

 

Atrasos

Uma coisa bem atual que vi neste livro, foi o fato de retratar o comum atraso dos crentes nas reuniões (no livro foram as reuniões da SAF). Pode até ser algo já naturalizado em nosso meio, mas este tema cabe, no mínimo, um texto a parte. Pois isso revela bem nossa prioridade, organização etc.

Boas ações

Outro ponto bastante preocupante é a motivação de se fazer boas ações. O livro retrata o interesse em ajudar para ser visto; ter em um relatório uma ajuda para indianos que, para alguns, por exemplo, é melhor que ajudar algum menino que passa pela rua.

É a preocupação em mostrar algo e não pelo bem do outro. Ás vezes nossa generosidade é apenas orgulho. Não é motivada pelo bem ao próximo, mas para que outras pessoas saibam o quanto somos generosos. E, com certeza, isso é outro assunto que nós, pecadores (alguns justificados, mas ainda pecadores) precisamos aprender de forma bíblica.

Contribuição

Em um dos capítulos, Poliana relata uma triste realidade que permanece nos dias de hoje. É sobre contribuição. Poliana diz que tem uma mulher que é a mais rica da SAF, porém não é a que mais contribui. Isso acontece porque generosidade não tem muito a ver com quantidade, mas com o coração.

Bíblia, a volta de Cristo e manhãs de domingo

Tem uma parte neste livro que fala sobre o juízo final, que a Bíblia diz que ele (Jesus) pode voltar mais cedo do que imaginamos e que Poliana acredita na Bíblia.  E, inclusive, nas manhãs de domingo, Poliana costumava frequentar a igreja.

Poliana, Cosmovisão e teologia do contentamento

No “jogo do contente”, Poliana via o lado bom das coisas. E quanto mais difícil fosse achar algo bom, mas divertido seria jogar. Poliana fala desse jogo para as pessoas e elas passam a ficar mais contentes.

Atualmente, está passando uma novela no SBT inspirada neste livro. Uma das músicas é a do jogo do contente. O refrão diz:

Jogo do contente tente, tente, tente.

Tente ver o mundo pela minha lente.

Pra viver a vida assim alegremente.

É pular e cantar pode se jogar.

 

Jogo do contente tente, tente, tente.

Tente ver o mundo pela minha lente.

Pra viver a vida assim alegremente.

É só acreditar, vai melhorar.

Uma frase que destaco é “tente ver o mundo pela minha lente”. Certamente este é o segredo para o contentamento, a cosmovisão. A lente deve ser a do cristianismo. Vivemos e enxergamos as coisas de acordo com a nossa identidade e esta, no caso do cristão, é definida por Cristo.

Escrituras de júbilo

Poliana fala sobre as escrituras de júbilo. O pai dela conta oitocentas escrituras de júbilo na bíblia e ela diz durante uma conversa com o reverendo que seu pai falou que Deus teve o trabalho de dizer oitocentas vezes para nos contentarmos e nos regozijarmos, então, é porque realmente deve querer muito que o façamos.

E o livro relata o reverendo local que, “em sua imaginação, ele estava longe, em um vilarejo do oeste com um pastor missionário que era pobre, doente, preocupado e quase sozinho no mundo, mas que examinava a Bíblia para ver quantas vezes o seu Senhor e Mestre lhe havia dito que ‘se regozijasse e ficasse contente”. O livro ainda cita uma das oitocentas escrituras de júbilo: “Alegrai-vos no Senhor, e regozijai-vos, vós, os justos; e cantai alegremente, todos vós que sois retos de coração”. Este é o Salmo 32.11.

Contentamento

Em síntese, contentamento é a confiança em Deus e seu governo soberano. É a segurança em Deus por conhecer seus atributos. É a esperança nas promessas bíblicas, pois todas as coisas, boas ou más, cooperam para o bem.

É como R. C. Sproul:

“O contentamento bíblico é uma virtude espiritual que encontramos exemplificado pelo apóstolo Paulo. Ele afirma, por exemplo: ‘aprendi a viver contente em toda e qualquer situação’ (Filipenses 4.11). Não importa a condição da sua saúde, riqueza ou sucesso, Paulo achou possível estar contente com sua vida. (...) o contentamento do apóstolo estava fundamentando em sua união com Cristo e em sua teologia. Ele via a teologia não como uma disciplina teórica ou abstrata, mas como a chave para entender a própria vida. Seu contentamento com a sua condição na vida repousava em seu conhecimento do caráter e das ações de Deus. Paulo estava satisfeito porque sabia que a sua condição era ordenada pelo Seu Criador. Ele entendeu que Deus trazia tanto o prazer quanto a dor em sua vida para um bom propósito (Romano 8. 28). Paulo sabia que, desde que o Senhor ordenou sabiamente a sua vida, poderia encontrar força no Senhor para todas as circunstâncias. Paulo entendeu que estava cumprindo o propósito de Deus, estivesse experimentando abundância ou humilhação. A submissão ao governo soberano de Deus sobre a sua vida foi a chave para seu contentamento”.

 Conclusão

Diante de tudo, oro para que Deus nos ajude, para que possamos aprender o contentamento ou, assim como tem no livro, a jogarmos o jogo do contente. Recomendo que você leia Poliana, é um belo passatempo, além de ser edificante. Mas, antes de qualquer coisa, leia a Bíblia. Ouça o que Deus revelou para nós, lá tem tudo para vivermos contentes, não importando as circunstâncias. Pois, apesar da queda que desconfigurou o paraíso, a queda não é o estado final, temos a redenção em Cristo.

Deste modo, vivemos o já e o ainda não. Desfrutamos a vida com/em Cristo, na expectativa da plenitude. E é por isso que devemos, assim como Poliana, jogar o jogo do contente, aguardando com expectativa a restauração desde mundo.

E, então, gostou? Dá uma olhada no nosso instagram também! Clica aqui!

Trecho:

"Até onde pude descobrir, é um contentamento irresistível e insaciável por tudo o que já aconteceu ou estar por acontecer. (...) 'simplismente ficar contente'...".

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *