A Igreja do Diabo

A Igreja do Diabo

Antes de mais nada, esse texto foi baseado e inspirado por uma palestra do ciclo de leitura sobre literatura do Núcleo Althusius, ministrada pelo Pb. Leonardo Galdino. A Igreja do Diabo é um conto de Machado de Assis, um brasileiro que escreveu contos, poesias, fez traduções… E, apesar de ser ateu/agnóstico vemos, através da leitura da sua obra, que “existe escritores ateus, mas não existem histórias ateístas”. Quem falou essa frase foi o Corey Latta, em um artigo no site Tu porém. O título do artigo é: O ateísmo e sua imaginação impossível: como a imaginação literária insiste na moralidade teísta (foi o Leonardo Galdino quem recomendou esse artigo).

Em síntese, esse conto fala que o diabo vai comunicar a Deus que vai abrir uma igreja e subverter a moralidade cristã. Ele consegue arrebanhar muita gente, mas se decepciona porque os fiéis, às escondidas, praticavam as antigas virtudes cristãs.

"O mundo completamente desprovido de virtudes é um mundo impossível de viver".

Machado de Assis é considerado ateu ou agnóstico, mas na sua obra aparece vários religiosos. O clero, inegavelmente, é bem presente. O único livro que ele lia diariamente era a bíblia. Apesar que, nas obras, a virtude não é bem quista. Com isso já podemos refletir sobre a obra do Espírito Santo em nós, pois sem Ele, a Bíblia não passa de um livro qualquer, mas para aqueles que foram regenerados, é a Palavra de Deus.

A igreja do Diabo, cap 1

Com a leitura do conto, vemos que a fonte da história foi um manuscrito beneditino.

O diabo se sente humilhado por não ter o aparato estético fornecido pelo cristianismo (regras, organizações…). E o diabo deseja ter tudo. Ele quer imitar os atos de Deus (dentro do pensamento católico), pois ele sabe que isso atrai as pessoas. O diabo usa o belo.

Nesse conto, A Igreja do Diabo, Machado de Assis faz referências explícitas sobre a Bíblia (cita Moisés, por exemplo). E ainda diz que vai destruir todas as religiões e fundar apenas a dele.

Capítulo 2

Sem dúvida, aqui vemos uma alusão indireta a um evento bíblico: a história de Jó. O diabo chega no céu (que está em festa pela chegada de um ancião, Fausto, que significa feliz, bem aventurado) para falar com Deus.

Na igreja do Diabo a exigência é barata, pois não precisa renúncia, mas que dê vazão ao que for contrário as coisas de Deus. A pedra fundamental da igreja era a ideia do diabo e não Cristo.

(É necessário explicar que esse conto fala sobre Deus de uma forma não tão bíblica, mas não precisamos concordar).

Quando o diabo fala sobre o manto de veludo e a franja, que dizer que por mais virtuosos que sejamos, sempre temos pontos fracos. Estes seriam os pecados de estimação e é justamente por esses que o diabo pretende atrair as pessoas. O diabo ataca pelo ponto fraco, isso é covardia, mas é covardia permitida pelos homens. E assim, da mesma forma quem as pupilas estão perto do bigode, a virtude e o vício também.

O diabo acusa aquele ancião, Fausto, de hipocrisia, exibicionismo, mas Deus fala da forma que ele morreu e que não houve nada disso quando ele deu a um casal o que poderia lhe salvar. O diabo fala da misantropia, que a aversão aos seres humanos.

Outro ponto é que o diabo é mestre na subversão. O diabo sabe que a palavra é uma tática perigosa. De acordo com a Bíblia, já lá no Éden, ele colocou dúvida em Eva.

Uma observação sobre o “uso da bíblia” na literatura

Inegavelmente, a Bíblia é a base de todas as histórias.

Criação – Queda – Redenção.

Deus gravou sua lei no coração do homem e é por isso que seguem o enredo bíblico. Mas na história de Deus, o final não é apenas a volta ao primeiro estado,pois a história termina muito melhor do que começou. É uma comédia profunda.

A igreja do diabo, cap 3

Na história de Jó, o diabo fez sua investida apenas em Jó, mas na Igreja do diabo a investida é na humanidade inteira.

O diabo se transveste da religião. Vestiu uma batina de padre.

Na virada do século XIX para o XX, os escritores começam a tirar Deus de cena na literatura. Religiosos são satirizados, e é nessa época de Assis escreve “A igreja do Diabo”, mais ainda respeitavam.

O diabo começa a anunciar sua nova doutrina. Redefine os sete pecados capitais. Os ressignifca e os coloca como virtudes.

Enquanto que as promessas de Deus iriam se concretizar no futuro (escatologia), o diabo prometia delícias na terra. O diabo é meste em subverter a Palavra.

E o resultado foi propina, nada de amar o próximo (apenas quando se tratava de amar as damas do próximo – adultério) entre outros pecados.

Cap 4

O diabo foi bem sucedido, mas de forma temporária, pois as pessoas não foram fieis a ele. E isso mostra que o resultado das sociedades alternativas, aquelas onde não há um absoluto, onde não há ética etc não há como viver, pois o resultado é sempre trágico/morte.

Alguns fiéis da igreja do diabo, estava praticando as antigas virtudes de forma escondida. E aqui vemos que até os mais pecadores têm virtudes.

Conclusões

(Objetivando fazer um arrazoado teológico…)

Machado de Assis poderia pensar que o homem é uma dualidade: o que mais alimentar, mais irá se sobressair, e isso dependeria da escolha do homem. Todavia, sabemos que só se pode fazer o bem se vier de Deus, pois o homem caído não pode não pecar.

Depravação total: o pecado afetou todas as faculdades do homem e isso o torna incapaz. Só faz virtudes se do céu for concedido.

O único lugar desprovido de virtude é o inferno.

Aqui há a graça comum. Na Bíblia vemos que Deus envia meios para preservação. Há moralidade. Vemos também que Deus gravou a lei está no coração do homem e por isso há princípios éticos.

O homem pode ser imoral, mas nunca amoral.

O inferno é a igreja do Diabo, único lugar desprovido das virtudes cristãs, pois um mundo sem estas é um mundo impossível.

Se você quiser ler o conto “A Igreja do Diabo”, clica aqui!

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