A mulher cristã e o trabalho

Hoje, enquanto estava na esteira, coloquei o vídeo do canal Re:view, onde Francine Walsh, do ministério Graça em Flor, tenta responder se a mulher cristã pode trabalhar baseando-se no livro: Mulher cristã e bem-sucedida, da editora Fiel.

Ela inicia falando que a produtividade feminina não é muito conversada, discutida nas igrejas, entre os cristãos. E sabemos que o que não se ensina em casa ou na igreja, se aprende no “mundo”.

Infelizmente é comum partimos para os extremos: condenando o trabalho fora do lar ou tornando-o essencial à vida. Carolyna Mahaney diz em seu capítulo do livro “Mulher Cristã: repensando o papel da mulher à luz da Bíblia”: “sem a Bíblia como âncora, as mulheres de hoje flutuam para os extremos – ou abraçam caricaturas de feminilidade ou rejeitam totalmente a feminilidade”. É como Norma Braga falou numa palestra da Confraria Feminina em Natal “reduzir-se ao lar é bem diferente de priorizar o lar”, pois é comum, ao combater o feminismo, muitas acharem que o papel da mulher é ser mais um adorno da casa. O que não é! Assim, o mais sábio a se fazer é olhar o que a Bíblia diz sobre esse tema.

Em Gênesis vemos que o trabalho é algo idealizado por Deus e que a mulher foi criada como auxiliadora do homem. No capítulo dois temos isso bem claro. Mas depois da queda tudo foi deturpado e ler essa verdade pode até causar certo incômodo às nossas mentes corrompidas pelo feminismo, mas a verdade é que essa mesma palavra hebraica é usada por Deus para dizer que Ele é o auxiliador de Israel. Nossa negligência no estudo das Escrituras pode nos privar de saber que auxiliar é algo muito digno.

Um detalhe importante é que a Bíblia foi escrita antes da Revolução Industrial, não quero dizer com isso que a Bíblia está desatualizada, mas é que precisamos analisar bem o contexto. Paulo diz em Tito 2 que as mulheres mais velhas devem ensinar às mais novas a amarem seus maridos, filhos, a serem boas donas de casa etc e, como Francine mesmo diz no vídeo, a vida do lar e vida de trabalho antigamente não era uma coisa separada como é hoje, onde as pessoas se deslocam para o local de trabalho. Antes tudo girava em torno do lar, até o trabalho do homem. Lendo a mulher descrita em Provérbios 31, é perceptível ver que ela se dedicava ao lar, era exaltada por sua feminilidade e também fazia outras coisas. No vídeo ela também cita mulheres como Lídia e Priscila, e Paulo jamais condenou as atividades que elas exerciam.

A mulher cristã deve ler as Escrituras em oração e ver o que Deus quer que ela faça e que a ajude a discernir a real motivação em tudo eu ela faz, planeja.

Vamos refletir. Será que a opção de não trabalhar e ficar em casa é devido à preguiça, comodismo? Será que a opção de trabalhar fora é um sinal de autossuficiência, colocando a família em segundo plano, terceirizando a criação dos filhos?

Cada mulher tem sua realidade. Solteira, casada sem filho, casada com filhos pequenos, casada com filhos maiores, viúva, mãe solteira… Fazer generalizações é fácil. Agir de maneira legalista “isso pode, isso não pode” é simples, julgar a decisão de outras mulheres também, mas aplicar o princípio bíblico à nossa realidade e se colocar no lugar da outra para entender é mais complexo, mas não impossível de ser aprendido com a Bíblia e com a ajuda de mulheres mais velhas que cumprem Tito 2.

Douglas Wilson, em seu livro “Futuros homens”, diz que “quando Deus designa um lugar, um posto a alguém, é desobediência abandonar esse posto”. Assim, cabe a cada uma refletir, mas sem ser inocente com a influência feminista, que desvaloriza o trabalho do lar, como se trabalhar fora fosse mais produtivo que cuidar da família, muitas vezes masculinizando a mulher. Também devemos estar cientes que há diferença nos papéis entre homens e mulheres (em Gênesis, por exemplo, para o mesmo pecado houve consequências distintas para homens e mulheres – Gênesis 3. 16-19) e que muitas vezes nossas decisões são embasadas em princípios mundanos, incrédulos, egoístas.

Nosso trabalho (remunerado ou não) é simplesmente o cumprimento da nossa vocação (o posto que Deus estabeleceu para cada um). Devemos obedecer sabendo que o sustento, a segurança não está na força do nosso braço, na nossa produção, mas em Deus. Pois:

  • “inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeaste; aos seus amados ele o dá enquanto dormem” (Salmo 127. 2);
  • “a bênção do Senhor enriquece; e com ela, ele não traz desgosto” (Provérbios 10.22);
  • “Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. (Mateus 6. 31-33);
  • “De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão” (I Timóteo 6. 6-11).

Cientes disso, vamos pedir a Deus para que Ele nos ajude a cumprir com esmero nosso chamado, no local estabelecido por Ele (vamos ter certeza que estamos no caminho certo quando nada for contrário ao que está na Bíblia), pois só assim glorificaremos a Deus, serviremos o próximo e seremos felizes, pois nosso contentamento, satisfação, realização, será somente em Deus.

Adelaine de Sousa

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *