Alimentação

Alimentação e Teologia

Primeiramente, alimentação é algo básico para vida, mas pode se tornar algo pecaminoso. E é por isso que vou compartilhar com vocês este texto (com pequenas modificações) que fiz em uma disciplina do curso de Aconselhamento Bíblico do SPN (Seminário Presbiteriano do Norte) em Recife.

Richard L. Mayhue diz, no capítulo intitulado de “Cultivando uma mentalidade bíblica”, do livro “Pense Biblicamente”, que “os pecados dos homens, não são por causa do que ele ingere fisicamente, mas por causa do que ele digere intelectualmente”. No mesmo capítulo ele relata sobre Eva ao descobrir que a fruta proibida lá no Éden não nutriria apenas o corpo, mas que era agradável aos olhos. Ela viu seu valor emocional, como também o valor intelectual que poderia torna-la tão sábia quanto Deus (desejável para dar entendimento). Elyse Fitzpatrick diz que “Adão e Eva demonstraram a independência orgulhosa e o desejo de ser Deus (não de ser com Deus) por meio daquilo que comeram”.

Alimentação e insatisfação

Adão e Eva não estavam satisfeitos com a provisão de Deus, mesmo tendo Deus proibido apenas uma árvore para eles. Igualmente foi o povo de Israel no deserto, acreditaram que Deus estava negando algo necessário para a vida. Revelando sua insatisfação, não se contentando com o maná (Números 11). Diferente foi Jesus, que ao ser tentado no deserto, apesar de estar com uma fome legítima, não cedeu; ele priorizava a glória de Deus e não seu bem estar ao saciar-se. Assim, percebe-se que a questão de alimentação é algo que reflete o coração. O modo como nos alimentamos é apenas uma das maneiras que torna o pecado do nosso coração visível.

Alimentação: nutrição e prazer

É certo que Deus criou os alimentos para nossa nutrição e prazer (por isso a diversidade de sabores, texturas…), mas uma bênção divina pode se tornar algo pecaminoso, dependendo da forma que lidamos.

Alimentação e pecado

Descartando as causas físicas, problemas relacionados à alimentação podem (e devem) ser tratados à luz das Escrituras. Assim é possível ver o problema em toda a extensão, pois do mesmo modo que foi com Adão e Eva e Israel, o fato de desejarmos comer algo pode ser o resultado externo da nossa rebelião contra Deus. E, como qualquer outro pecado, está ao alcance da graça de Deus.

Os pecados são diferentes, mas todos são contra um Deus santo. Infelizmente, nem sempre a glutonaria ou outro pecado relacionado com alimentos são condenados como pecado. Às vezes pode ser até considerado um fato cômico a pessoa comer demais, mas quando se analisa o que está por trás do simples ato de comer, podemos encontrar pecados. Estes, por ser visto concretizado pela alimentação, geralmente são socialmente aceitos ou tratados como doença.

Muitos distúrbios alimentares são considerados doenças quando na verdade são comportamentos. Somos responsáveis por estes e não vítimas. Isso não descarta a busca por profissionais da área de saúde (nutricionistas, médicos…) para eliminar qualquer causa orgânica. Como também para tratar a doença que pode ser uma consequência do comportamento pecaminoso.

Alimentação e escravidão

Quantas vezes não usamos a comida (ou o controle da comida) para obter sucesso (“a musa fitness”) ou para aquele conforto emocional (muito comum em momentos de ansiedade, TPM etc). Buscar realização/satisfação fora de Deus é pecado. Deve-se ter cuidado ao buscar prazer no comer (algo momentâneo) ou o prazer de controlar a alimentação como um fim em si mesmo, para não tornar a alimentação um ato idólatra, deixando de ser uma bênção (apenas em Cristo é possível desfrutar da alimentação da forma correta). Além do mais, a compulsão por comida é a cobiça por querer mais do que é necessário. Cobiça é pecado e não doença. Assim também como alimentos viciantes; o açúcar é um exemplo. Vício é uma escravidão e só há escravidão quando há adoração a ídolos e a incredulidade para com Deus domina.

Glutonaria, orgia

Maria Cecília Alfano nos lembra, em seu livro “Comer ou não comer!? Liberdade para fazer escolhas no temor a Deus”, que comer de forma descontrolada é biblicamente chamada de glutonaria ou orgia. Como também a falta de domínio próprio (uma das características do fruto do Espírito).

Uma oração

Uma coisa bem simples, porém eficaz, não só para quem luta contra esse pecado, mas para todos, é orar antes das refeições. Pois será difícil agradecer a Deus por algo que sabemos que nos fará mal. E como diz a Maria Cecília Alfano, “O alimento: provisão de Deus. A alimentação: nossa responsabilidade”.

Em síntese, devemos ter a ciência de fazer tudo para a glória de Deus. E isso só é possível em Cristo. É por Cristo que teremos o equilíbrio tanto na alimentação bem como em todas as outras áreas da vida. Que Deus nos ajude a assumirmos a responsabilidade por nossa alimentação e a sermos humildes para pedir ajuda, bíblica e fisicamente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *