O Pequeno Príncipe e a Bíblia

O livro O Pequeno Príncipe parece ser bem simples, mas cada personagem representa algo. Orgulho, vaidade, mentira, amizade são alguns temas abordados e por isso vejo a graça comum aqui (ao mostrar uma profunda mudança de valores, o pecado pode até ser refreado, mas não muda, não purifica a natureza humana decaída).

Quando leio a frase “É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar” lembro do relacionamento de Deus conosco. Ele sabe que por nós mesmos jamais o obedeceríamos, jamais seríamos capazes de cumprir a Sua justiça, por isso Ele é quem nos justifica, nos santifica. Ele mesmo se fez homem e morreu para nos salvar e habita em nós, nos guiando. E Deus deixou Sua Palavra a nossa disposição. Nela temos tudo para a vida e piedade (2 Pedro 1. 3).

Ao ler “É bem mais difícil julgar a si mesmo que os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio”, lembro de Mateus 7. 1-5, quando muitas vezes não tiramos a trave do nosso olho e tratarmos nosso irmão sem nenhuma compaixão (lembrando que isso não quer dizer que é proibido julgar. A proibição aqui é do juízo temerário). A confrontação deve ser em amor e baseada na Bíblia, não em nossas vidas.

Quando o pequeno príncipe diz que o único homem que não parecia ser ridículo era o que se ocupava com outra coisa e não com ele próprio, vejo como atualmente o egoísmo reina usando o argumento de amar a si próprio primeiro para depois amar o outro. Não precisamos nos amar mais, já nos amamos mais do que devíamos – alguns podem dizer que tem na Bíblia para amar os outros como a nos mesmo, mas precisamos analisar bem estes trechos para não interpretarmos de uma maneira carnal e passarmos a viver para nós mesmo, vamos seguir o exemplo de Cristo. Ele não se imaginava tão importante quantos os baobás (quem leu o livro vai entender), veio em forma de servo, cumpriu a vontade de Deus apenas para salvar o seu povo pecador.

O livro fala sobre cativar, criar laços e como isto está esquecido. As pessoas estão muitos ocupadas consigo mesmas para ter paciência com o outro, pois somos responsáveis por aquilo que cativamos. Somos responsáveis pelo outro. A Bíblia é repleta do termo “uns aos outros”.

“Nunca estamos contentes onde estamos” isso é uma realidade. Infelizmente o não estar contente não é pela vida de pecado que levamos, mas pela ingratidão das coisas que Deus nos dá, como se nosso Pai, o criador e sustentador do universo fosse mesquinho. Esquecemos que todas as coisas que nos acontecem servem para nos deixar mais parecidos com Cristo. Por isso devemos ser gratos por tudo.

“A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar…” isso é verdade. C. S. Lewis diz no seu livro “Os quatro amores”: “Não existe um investimento seguro. Amar é ser vulnerável. Ame qualquer coisa e seu coração irá certamente ser espremido e possivelmente partido. (…) O único lugar fora do céu onde você pode manter-se perfeitamente seguro contra todos os perigos e perturbações do amor é o inferno”. Mas como o pequeno príncipe diz: “a gente sempre se consola”. Amando a Deus sobre todas as coisas saberemos viver melhor com o próximo, pois não esperaremos dele coisas que apenas Deus pode nos dar. Só amamos porque Deus nos amou. Deus é amor. Ele mostra como se ama e o amor nunca é egoísta. Ao contrário, é paciente, é benigno, não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não conduz inconveniente, não procura os seus próprios interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sobre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (1 Coríntios 13. 1-7).

O livro fala que deveríamos ser como as crianças que éramos, mas o que deveríamos mesmo era buscar ser o que a Bíblia diz para nós sermos, pois apenas uma pessoa regenerada poderá ver aquilo que é invisível aos olhos; pela fé, que é um dom de Deus, poderemos olhar para além das circunstâncias e descansar em Deus e assim viveremos para aquilo que realmente importa: glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.

Adelaine de Sousa

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