O Salmo 88 foi o texto base para o sermão de hoje (04/08/2019). Foi ministrado pelo presbítero Roberto Pereira, da Igreja Presbiteriana das Graças, Recife-PE.
Inicialmente ele explica que este Salmo é uma oração. Todavia, diferente dos outro Salmos, não termina com esperança. A última palavra do Salmo 88 é treva!
Em seu comentário o Salmo 88, Calvino diz:
“Este Salmo contém lamentações muitos graves, derramadas pela pena inspirada de seu autor sob aflição mui severas, quase ao ponto de desesperar-se. Mas ele, ao mesmo tempo, enquanto luta contra o sofrimento, declara a invencível firmeza de sua fé; orando e invocando a Deus que o livrasse, ainda que estivesse nas profundas trevas da morte.”
Entretanto, o presbítero nos lembra de, ao ler um texto deste, com tanta tristeza e sem esperança, usarmos a lente hermenêutica de Romanos 15. 4
Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança.
Romanos 15.4
E é assim que devemos ler este Salmo 88.
Salmo 88
Há esperança no Salmo 88? Sim! E este é o primeiro ponto abordado.
Esperança no Salamo 88
Inegavelmente, a Palavra nunca escondeu que o sofrimento é inevitável.
Em Atos 14. 22 temos: “renovando o ânimo dos discípulos e os encorajando a perseverar na fé, ensinando: “É necessário que em meio a muitas aflições ingressemos no Reino de Deus!”
Ou seja, de acordo com a Bíblia, podemos esperar o sofrimento, mas como já sabendo disso, podemos nos preparar.
Colocando a culpa em Deus
O salmista coloca a culpa em Deus por tudo o que acontece. Em outras palavras, ele enquadra Deus e diz que se o Senhor não o erguer, quem perde é o Senhor.
Deus nos entende e o Salmo 88 mostra isso
Sem dúvida essa oração mostra que Deus nos entende quando estamos desesperados, aflitos. Deus conheces nossa comuns reações.
E aqui vemos a soberana graça salvadora. Deus é o Deus da salvação. Isso é libertador! Pois às vezes reagimos errados, mas Deus é nosso Deus. É ele que garante nossa salvação. É de graça para (para nós, mas o Senhor pagou um alto preço).
Com toda certeza Deus sabe nossa dor, nosso descontrole, entretanto o bom é que Ele salva. É a graça de Deus manifesta!
Momentos difíceis no salmo 88 e na nossa vida
Não podemos negar que em momentos difíceis nossa fé amadurece (nosso relacionamento com Deus).
Podemos ver isso claramente no Livro de Jó. Satanás diz que servimos a Deus pelas coisas que Ele nos dá; uma relação interesseira, mercenária . Mas é para servirmos a Deus ou Ele nos servir? Muitas vezes só podemos responder isso na falência.
Com toda certeza, há pessoas que procuram Deus por interesse, mas estão perdidos e nelas satanás vence. Todavia, na natureza transformada, nos relacionamos porque somos filhos e só podemos recorrer a Deus.
Nada é em vão!
O sofrimento não é absoluto e nem sem propósito. Hemã (I Co 6) é líder dos filhos de Corá, cantor, poeta. Ele não sabia, mas esse sofrimento foi responsável pela poesia nos Salmos. Os Salmos de 42 a 49, por exemplo, foram escritos por esse povo. Acredito que todos lembram da expressão: “Por que está abatida minha alma?”. E Deus usa esses salmos para nós atualmente.
Podemos não entender o sofrimento, mas enfrentamos pela graça. E terminamos como Jó, vendo vislumbres da glória de Deus; vendo Deus! Isso é graça!
“Estamos certos de que Deus age em todas as coisas com o fim de beneficiar todos os que o amam, dos que foram chamados conforme seu plano. Porquanto, aqueles que antecipadamente conheceu, também os predestinou para serem semelhantes à imagem do seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes igualmente justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou. Hino de vitória: Deus é por nós”.
Romanos 8. 28-30
A aflição é aparente
No Salmo 88 vemos que o salmista foi até abandonado pelos amigos, se sentiu rejeitado por Deus, recebeu a ira de Deus e no final foi tomado por densas trevas. Mas isso te lembra alguém? Sim! Exatamente! Cristo! (Mateus 27).
Cristo se tornou escárnio. Todo pecado estava sobre Ele. Ele sofreu a ira Deus, a rejeição, as trevas. Jesus viveu o inferno por nós. A aflição era absoluta, pois Ele sofreu para nós não sofrermos.
Ao Senhor agradou moê-lo! É o que vemos em Isaías 53 (vale a pena ler esse capítulo).
Pela morte de Cristo, Ele justifica muitos, nos sara. Cristo sofreu para destruir satanás. Porque Jesus venceu a morte Ele responde as indagações do salmista.
Tudo é curado por Jesus e sarado na eternidade. É um processo de amadurecimento.
O sofrimento absoluto recaiu em Cristo para não cair em nós e por isso o sofrimento não é jesus fazendo pagar por alguma coisa, mas amadurecendo nossa fé.
Nada nos separa do amor de Deus!
Muitas são as aflições do mundo. Temos aflições, mas Cristo está conosco até a consumação dos séculos (Mateus 28.20). Por isso devemos pedir a Deus que nos ajude a ver as situações difíceis como oportunidades para reconhecer a graça.
Assim, por que nos relacionamos com Deus? Porque ele é nosso deleite!
Conclusão do Salmo 88
Este Salmo, como diz Calvino comentando sobre este Salmo, contém lamentações, aflições, mas o salmista, enquanto luta contra o sofrimento, declara a invencível firmeza de sua fé, orando e invocando a Deus. Aqui vemos uma forma de oração para encorajar os aflitos e que melhor que se queixar diante das pressões, é mais sábio derramar seus gemidos diante de Deus. E meditemos na providência divina, por que quando nos concentramos no sofrimento, perdemos a perspectiva eterna das coisas.
De acordo com a Palavra, Deus é soberano e controla todas as coisas. Isso deve nos fazer descansar!
Por fim, vou transcrever um trecho do comentário de Calvino sobre o Salmo 88.
“É verdade que, quando o coração se acha em perplexidade e dúvida, ou antes é arremessado de um lado para outro, a fé parece ser tragada. A experiência, porém, nos ensina que a fé, embora flutue em meio às agitações, ela continua a vir novamente à tona de tempo em tempo, de modo a não ser esmagada de vez; e se em algum tempo ela se vê ao ponto de asfixia, não obstante é protegida e nutrida, porque, embora as tempestades nunca se tornem tão violentas, ela se esconde delas movida pela ponderação de que Deus continua fiel e jamais desaponta seus próprios filhos, e nem os abandona”.
Calvino
O culto em que este sermão foi ministrado foi transmitido ao vivo no canal da Igreja Presbiteriana das Graças – Recife/PE.
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Pecadora que crê em Cristo e quer fazê-lo conhecido.
Cirurgiã-dentista (UPE). Doutora e mestre em Odontologia (UFPE).
Pós-graduada em Aconselhamento Bíblico pelo Seminário Presbiteriano do Norte.
Graduanda em Comunicação Social/rádio, TV e Internet (UFPE).