O trabalho sob a perspectiva bíblica

Trabalho

Criação

Gênesis 2. 15 diz:”Tomou, pois, Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e guardar”. Inegavelmente o trabalho existia no paraíso. O trabalho está incluído naquilo que Deus diz que era muito bom.

Vocação

Infelizmente ainda há quem pense que a Bíblia só trata de trabalhos eclesiásticos, como o de pastor, presbítero, diáconos, missionários, por exemplo. Mas esse pensamente é da nossa herança católica, onde se dizia o clero era mais o povo mais santo; eram as pessoas chamadas por Deus. E é ai que vemos um dos grandes benefícios da Reforma. A Reforma resgatou que Deus chama, vocaciona, usa pessoas nas mais diversas profissões.

Um exemplo foi Ester. No seu posto de rainha foi usada para uma grande obra. O seu trabalho foi usado por Deus para libertar os judeus.

Por essas coisas é que é importante entendermos o que a Bíblia fala. Pois nela há o que é necessário para a salvação e, após, salva, como a pessoa deve agir, ser.

Trabalho e cosmovisão

Cosmovisão são as lentes pelas quais enxergamos tudo. E vemos de acordo com nossa identidade, então, se nossa identidade foi definida por Cristo, devemos ter lentes bíblicas. E, pela Bíblia, vemos que Deus é nosso exemplo de trabalho.

O trabalho de Deus

Deus trabalhou na criação, desenvolveu, abençoou e de forma alegre contemplou tudo o que fez. Deus deve ser nosso padrão. Nosso trabalho deve proporcionar desenvolvimento, deve abençoar outras pessoas e o resultado disso será alegria.

Um outro ponto bastante importante é vermos o cronograma de Deus na criação. Ele trabalhou seis dias e descansou um. Se o criador, o soberano, o eterno dividiu o tempo assim, sem dúvida, o mais sábio seria seguir seu exemplo.

Após a criação Deus não deixou de trabalhar. Ele continua trabalhando na providência. E aqui ele usa nosso trabalho. Pois no nosso trabalho, Deus trabalha por nós. E para isso Ele distribui dons, habilidades.

Ele também responde orações por meio do nosso trabalho. “O pão nosso de cada dia”… certamente Ele poderia mandar o maná direto do céu, mas ele vocaciona um para fazer pães, outro para plantar o trigo, outro para vender os pães, outros para transportar etc. No nosso trabalho, Deus trabalha por nós. Por isso todo mundo tem um chamado particular, todo mundo tem uma vocação e não há uma melhor que a outra, pois toda vocação é estimada por Deus. Se Ele nos chama para fazer algo, isto é o melhor para nós. Não podemos desvalorizar um chamado, pois correríamos o risco de estarmos desvalorizando Àquele que chamou.

Queda

Apesar do trabalho ter existido no paraíso, após a queda houve mudança, pois ela interfere em todas as áreas. Aqui temos condenação e maldição. Fadiga, frustração e suor. Dificuldades, cardos e abrolhos. E por causa do pecado tendemos aos extremos: ou nos rendemos à preguiça, ou tentamos nos definir, nos satisfazer no trabalho. Todavia, graças a Deus, esse não é o fim.

Redenção

No início da vida com Deus, nós não precisamos trabalhar. O Senhor nos justificou sem precisarmos fazer nada. Ele nos chama, no redime, nos justifica. Com isso vemos que nosso trabalho não é tudo que existe. A justificação não foi por nada que tenhamos feito. Entretanto, na santificação, nosso trabalho se torna significativo, mesmo sendo tudo pura graça divina.

Sem dúvida, quando somos redimidos por Deus, toda nossa vida muda. Até nosso trabalho é impactado pela santificação. E voltamos a enxergar o trabalho pelas lentes de Deus, e não de forma mundana. Além do mais, temos a promessa da consumação. Certamente iremos trabalhar no descanso eterno; no paraíso eterno terá trabalho, da mesma forma que teve lá no Éden antes da queda. Então, qual será a maneira bíblica de lidarmos com o trabalho?

Visão bíblica do trabalho

Confesso que amei os cinco princípios sobre a ética bíblica do trabalho relatada pelo Presbítero Vinícius Pimentel na aula do Curso de Cosmovisão Cristã na Ciência, na Ética, na Saúde e na Vida, do professor Marcelo Zaldini Hernandes.

Os princípios são baseados no se despir e se revestir lá de Efésios 4.

  1. Despir-se da preguiça e reverti-se de diligência. O Deus trino é exemplo de diligência. Diligência não é ganância.
  2. Despir-se do interesse próprio e revestir-se do bem comum e, por isso, nossa pergunta ao trabalharmos deve ser “como posso servir, que bem posso produzir?”.
  3. Despir-se da insubmissão e injustiça e se revestir de honra. Honrar, obedecer as autoridades. Com toda certeza há relações de trabalho opressoras, injustas, mas em princípio a relação deve ser justa.
  4. Despir-se da ansiedade e se revestir do descanso. Como foi falado anteriormente neste texto, Deus trabalhou durante seis dias e descansou um. Com a ressurreição de Cristo, o dia foi mudado (do sábado para o domingo), mas a necessidade de guardar permanece. Trabalho não é tudo. Sem dúvida precisamos de férias, descanso, lazer. E é assim que nossa ansiedade é controlada, pois ao deixarmos de trabalhar um dia na semana e ainda termos outros momentos de pausas, estamos reconhecedo que nosso sustento não vem da força do nosso braço, mas de Deus. É Deus quem nos abençoa; aos seus amados ele o dá enquanto dormem (Salmo 127). Inegavelmente nossa estabilidade, segurança, e confiança devem estar em Deus.
  5. Despir-se da cobiça e se revestir de contentamento. Aqui temos o 10º mandamento. Nossa satisfação deve estar unicamente em Deus. Se cremos que Deus é bom, que é nosso Pai, descansaremos e nos contentaremos com o que Ele nos dá.

Conclusão

O trabalho não é um mal necessário e nem um meio de realização, definição de identidade (por causa do pecado tendemos aos extremos).

Trabalho é o exercício da nossa vocação, do nosso chamado. Quando trabalhamos, servimos a Deus. Servimos a Deus quando servimos às pessoas.

Que o conhecimento das consequências da queda nos faça buscar a Deus de forma constante para trabalharmos de forma digna, de forma bíblica.

Enfim, que Deus nos ajude.

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