A vida debaixo do sol

Às vezes a vida debaixo do sol parece sem sentido, não é?

A vida debaixo do sol é assim: acordamos, cumprimos nossa rotina diária, reclamamos da segunda, festejamos a sexta. Queixamo-nos quando as férias acabam, mas também não gostamos quando estamos desempregados ou não estamos fazendo aquele curso que tanto desejamos.

“Matamos um leão por dia”, trabalhamos, estudamos, nos relacionamos, procuramos nos divertir, juntamos riquezas/bens etc. até que chega uma doença que nos paralisa, traição, abandono, morte.

Um bom emprego, uma vida estável, amigos, família são coisas tão boas. Trazem-nos alegria, mas é tudo tão efêmero. Nada disso é eterno.

Como é frustrante a busca por alegria nessa vida debaixo do sol.

Tudo é vaidade fora de Cristo

O livro de Eclesiastes diz que tudo é vaidade e nos questiona sobre qual é o proveito de todo o trabalho que fazemos debaixo do sol (Eclesiastes 1. 2-11).

De início até parece uma mensagem niilista, onde não se percebe nenhuma utilidade, nenhum sentido para a existência. Mas para viver debaixo do sol de forma inteligente, devemos ter uma vida de fé.

Salomão nos mostra que a riqueza, a sabedoria, a popularidade, o prazer, por melhores que sejam, podem causar desapontamento se forem a razão da nossa existência. Não é sábio buscar sentido, significado na vida através de coisas mundanas, passageiras; quem faz isso é tolo.

Aquilo que é transitório não nos satisfaz, porque Deus colocou a eternidade em nós (Eclesiastes 3.11). Buscar prazer, contentamento em coisas fora de Deus é tolice, nada faz sentido sem Deus. É só olhando para cima que encontramos satisfação.

A vida debaixo do sol sob controle

Não temos o controle da nossa vida, mas nem por isso ela ocorre ao acaso. Basta darmos uma olhada na vida de José, lá em Gênesis. Várias coisas aconteceram na vida dele, mas foi para a conservação da vida, para conservação daqueles a quem Deus usou para trazer Cristo a este mundo. Pois nos primeiros capítulos de Gênesis Deus promete a salvação do seu povo por meio do descendente da mulher. Em Cristo, Deus cumpriu sua justiça e nos livrou de sua ira.

Depois das coisas que seus irmãos fizeram com ele e todo o desenrolar da história, José reconhece o controle de Deus sobre sua vida e diz que tudo aquilo, aparentemente ruim, era Deus fazendo o bem (Gênesis 50.20).

Saber que Deus controla tudo deve nos fazer descansar. O eterno, o criador, o sustentador de tudo, aquele que é bom, misericordioso, justo etc. tem o domínio. Nós não. Não sabemos nem se estaremos vivos no próximo segundo (Tiago 4. 13-15). É Deus quem criou a vida e a sustenta. É Deus quem dá sentido a vida e nos satisfaz. Pela vida de Jó vemos que Deus tudo pode e nenhum dos Seus propósitos pode ser impedido (Jó 42. 2). Tudo o que aconteceu a Jó o fez conhecer mais a Deus e a si mesmo, pois ele viu que não seria nada sem o Senhor.

Crendo nas promessas

É sábio conhecer e crer nas promessas bíblicas. Uma das quais deveria nos fazer descansar é a que está em Romanos 8. 28-29. Isso era para remover nossa ansiedade, pois tudo é para nos deixar mais parecidos com Cristo. Por isso devemos, assim como Paulo, aprender a estar contente em toda e qualquer situação (Filipenses 4. 10-13).

Após a morte, segue-se o juízo (Hebreus 9.27)

Não podemos esquecer que Deus trará juízo de todas as nossas obras (Eclesiastes 12.14), por isso elas devem glorificar a Deus. Até coisas boas podem se tornar más ao fazê-las de forma contrária à vontade de Deus, que é verdade absoluta.

O que/quem nos guia e dá sentido à vida?

A vontade de Deus deve nos guiar e não as circunstâncias da vida, nem o trabalho, nem os prazeres, nada da vida debaixo do sol. Deus dá sentido à vida, por isso devemos viver para Deus e com Deus.

Os filhos de Deus são diferentes

Tudo debaixo do sol é vaidade, efêmero, transitório, mas para os filhos de Deus tudo foi redimido e podemos viver debaixo do sol com a mente no céu. “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra” (Cl 3.1-2).

Com a nossa vida redimida tememos a Deus e guardamos seus mandamentos, pois sua lei é bênção, não é nada penoso (I João 5.3). Viver essa vida assim revela que nossa alegria vem de Dele; nossa alegria é o Senhor e é apenas ele que nos satisfaz.

Tendo uma perspectiva eterna

Em Eclesiastes vemos a importância de ter uma perspectiva eterna das coisas, pois assim encontraremos sentido e satisfação na vida. Não adianta tentarmos compreender cada coisa debaixo do sol, não a entenderemos (Eclesiastes 8.17) e este livro é um manual que nos auxilia a entendermos esta falta de compreensão nesta vida debaixo do sol. Devemos é temer e obedecer a Deus. “De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isso é o dever de todo homem” (Eclesiastes 12.13).

Nossos relacionamentos, nossa alegria, satisfação nessa vida debaixo do sol não devem ser vividas como um fim em si mesmo, pois nossa vida é centrada em Deus, logo glorificá-lo deve ser a razão da nossa existência.

Que Deus nos ajude, nos dê sabedoria para chegar à mesma conclusão de Salomão e a deleitarmos Nele, pois apenas Ele nos satisfaz e dá sentido a esta vida.

Este texto foi inspirado no tema do retiro da Igreja Presbiteriana das Graças, Recife-PE.

A imagem mostra uma fogueira, uma cruz feita de bambu e um coqueiro. Foto tirada no retiro de jovens da Igreja Presbiteriana das Graças, 2019. O tema foi a vida debaixo do sol, baseado em Eclesiastes.

Adelaine de Sousa

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