Contra a idolatria do estado

O papel do cristão na política

Capa de Livro: Contra a idolatria do estado
Edições:Brochura (português)
Páginas: 288

Como Jonas Madureira diz nesse próprio livro, política e religião se discutem, sim e esse livro é um exemplo.

Franklin Ferreira, sob uma cosmovisão cristã, fala sobre política. Diante de tantos escândalos nesse meio, essa obra traz análises bíblicas e históricas que serão de grande proveito para quem ler. Na introdução o autor diz que quer que esse livro ajude os cristãos brasileiros a “discernir o tempo” (Lc 12.56), onde todo o cristão deve se opor a qualquer tipo de autoritarismo e totalitarismo. Pois “o evangelho tem implicações e aplicações para todas as esferas da existência”.

O livro é dividido em quatro partes.

A primeira são os fundamentos bíblicos. Traz o caso da rainha Ester e o povo de Deus em risco e mostra como Deus reina, mesmo tendo os “Hamãs” que pensam que estão no controle. Exorta a não gastarmos tempo planejando formas de resistir, se isso não for acompanhado de jejum e oração, mostrando a dependência em Deus; como aos políticos cristãos, que devem trabalhar de acordo com a cosmovisão cristã, e pra isso, não precisa usar o “evageliques” (o próprio livro de Ester não faz menção no nome de Deus).

Nessa mesma parte, fala sobre a carta de Paulo aos Romanos, onde ele foi intensamente político e como nossa fé deve ser evidente na esfera pública. Mostra o papel do Estado (proteger e recompensar os bons e punir os maus) e as autoridades que deixam de fazer isso, não servindo ao cidadão, deixam de ser legítimas. Pois o único poder absoluto é o de Deus e é a ele que se deve ter lealdade exclusiva.

Na segunda parte, o autor traz questões conceituais. Fala sobre modelos políticos como o estatismo, as liberdades individuais, os modelos no cenário brasileiro, nazismo e comunismo. Mostra como a política pode ser considerada uma religião, onde princípios bíblicos são combatidos. Fala sobre a ditadura militar, direita e esquerda e dos comuns maus entendimento sobre esses termos; EUA, Europa, América Latina liberalismo, democracia, república, conservadorismo, black blocs etc e até sobre o erro de chamar FHC como neoliberal (o Estado continuou regulando o mercado).

É bastante interessante ao ligar a questão política com a idolatria e que os cristãos não devem terceirizar ao Estado suas responsabilidades com próximo. O que ele faz é reflexo do amor de Deus.

A terceira parte traz direções teológicas. Inicia em 1933, lá na Alemanha, “a disputa pela igreja”, como também documentos importantes, como declaração teológica de Barmem, que afirma autoridade única de Cristo sobre a igreja e a segurança que vem Dele. Além de relatar a oposição de Dietrich Bonhoeffer ao regime nazista. E no final, trata sobre a relação entre a igreja e o estado na perspectiva reformada, fala sobre o dispensacionalismo, a comum divisão entre “secular” e “espiritual”, doutrina da criação, queda e as consequências dos pecados. Mostra a triste realidade, tanto da sociedade, como da igreja.

A última parte é sobre aplicações práticas. Fala sobre imposto, violência e criminalidade, corrupção, privilégios, porte de armas, impunidade, vitimismo, maior idade penal, terceiro setor e de como a igreja precisa voltar a ser igreja, a cumprir seu papel (que é pregação de Palavra e a correta administração dos sacramentos) e pastores precisam voltar a ser pastores e, assim, capacitar os cristãos a se dedicarem a Deus tendo como motivação glorificá-Lo em todas as áreas da vida, edificando o corpo de Cristo. Por fim, traz uma agenda para um voto consciente.

Diante disso, não preciso nem dizer que recomendo muito esse livro.

Adelaine de Sousa

Trecho:

“Nas  Escrituras, não há um único texto que apoie a ideia de que o cristão deve depositar a esperança no poder do Estado ou ser subserviente a um governo autoritário ou totalitário. A mensagem poderosa do evangelho (Rm 1.16), que tem o poder de produzir mudança social profunda, não depende do poder ou controle do Estado".

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