Decepção, apenas mais uma consequência da queda.

“E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom” (Gênesis 1. 31a). Deus criou tudo perfeito. Havia harmonia nos relacionamentos, mas com a queda (Gênesis 3) houve a quebra da comunhão com Deus e com o próximo. “Deus fez o homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias” (Eclesiastes 7.29). A queda trouxe terríveis consequências.

Tendo ciência disso, não poderíamos esperar relacionamentos perfeitos nesse mundo. Temos a natureza adâmica, por isso a decepção é algo comum.

É comum a tristeza, a lamentação, o desejo de represália. E, estar solteira, para muitas, já pode ser considerado um momento difícil, mas ficar sozinha após uma decepção, pode ser percebido como bem mais complicado. Há situações em que fomos enganadas, iludidas. Podemos ter criado tantas expectativas e de repente, tudo muda. Às vezes ficamos sem acreditar como as coisas ocorreram. Nem sempre entendemos. Exigimos explicações. Exigimos justiça. Mas será que esse sentimento é lícito? Será que convém? (I Coríntios 6.12).

Temos que ser honestas. As pessoas nos decepcionam e nós decepcionamos as pessoas, como diz o Pr. Hernandes Dias Lopes. Precisamos amadurecer e reconhecer que também erramos. Não devemos pensar que os pecados que as pessoas comentem contra nós são mais ofensivos que os nossos. Todos são contra um Deus Santo. Por isso temos que analisar se a nossa indignação é por causa do pecado que possivelmente a outra pessoa cometeu contra Deus e que ela precisa de perdão ou é simplesmente porque nossos sentimentos foram feridos.

Deus é sempre muito bom, minhas irmãs, apesar da maldade humana. Não fiquemos amarguradas, desejando o mal a quem nos feriu, ou até mesmo querendo se isolar, sem querer se envolver com alguém após uma decepção. Foquemos em Cristo, meditemos nas Escrituras. Isso não significará isenção de novas decepções, mas só com a humildade gerada em nós pelo Evangelho é que poderemos nos preocupar menos com o que fizeram contra nós e mais se estamos obedecendo a Deus nessa delicada situação. Isso só é possível após sermos redimidas por Cristo. Além do que, não seremos julgadas pelo que fizeram conosco, mas pela maneira que reagimos.

Sei que não é fácil passar por uma decepção, mas devemos ter em mente que tudo coopera para nosso bem e esse bem nem sempre está relacionado aos prazeres terrenos, mas é Deus moldando em nós a imagem de Cristo (Romanos 8. 28-29). Pode ser difícil entender (principalmente com essas falsas teologias por ai ensinadas) que Deus pode usar uma decepção para nosso bem. Olhemos para a história de José, quando ele diz: “Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê nesse dia, para conservar muita gente com vida” (Gênesis 50. 20).

Há uma frase atribuída a C. H. Spurgeon que diz: “Satisfeitos com a terra estão contentes em viver sem o céu”. Às vezes, coisas desse tipo também acontecem justamente para que não fiquemos muito satisfeitas com esse mundo, a ponto de não desejarmos mais o céu; a ponto de não desejarmos o que é eterno.

O sofrimento faz parte da nossa peregrinação terrena, ele é usado para nossa santificação, é usado para completar a boa obra realizada em nós até o grande e esperado dia de Jesus Cristo (Filipenses 1.6). Essa verdade nos traz também a esperança de que mesmo se continuarmos solteiras após uma decepção, isso não é o fim! O processo de santificação é justamente para nos preparar para as bodas do cordeiro. Para o nosso casamento com Cristo, a consumação de todas as coisas. Somos a sua noiva amada. Concentremo-nos no noivo eterno, só assim saberemos lidar com os relacionamentos nesse mundo, dando o valor que lhe é devido, sem negligenciar e muito menos idolatrar, pois, quem sabe, se for a vontade de Deus, teremos também a experiência do casamento temporário.

Adelaine de Sousa

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